Sunday, 20 June 2010

Supermercados

Eu não gosto de ir em supermercados. Nem mini-mercados, hiper-mercados, ou simplesmente mercado, sem adjetivos.

Gaetner, Comper, Mini-Preço, Pão de Açúcar, Cooperativa Hering, Itageli, Big, Archer e Bombeach.

Outros com nomes semelhantes, que parecem nomes de duplas sertanejas (oh, agora se chama Sertanejo Universitário né? foi o jeito criativo que encontraram para atrair a juventude bonita e descolada): Angeloni & Angelina, Jangada & Janaína, Guarimar & Guarezi.

Também os zelândicos Foodtown, New World, Countdown, Woolworths, 4Square e Pak 'n Save.

E muitos, muitos outros.

Não gosto de ir no supermercado. Supermercados sugam minhas energias. Filas, aquelas tias atravessadas nos corredores, criança ranhenta botando a mão na bunda, no nariz, nos produtos nas prateleiras e ultimamente, no seu carrinho.

Também é muito chato ouvir briga de casal atrás de você na fila. Argumentos como 'olha que barato, vamos levar!', seguido da resposta afiada e fria do cônjuge 'barato é o marido da barata!'.

Não gosto de ir no supermercado com fome. Recomendo que ninguém vá ao supermercado com fome. Principalmente quando não tem tiazinhas servindo petisquinhos. Quando vou no supermercado com fome sempre compro mais do que é preciso.

Mas ir de barriga cheia também não é bom, pois não tenho vontade de comprar nada. Sempre acabo comprando menos do que eu preciso.

Uma técnica para gastar pouco é pegar uma cestinha ao invés do carrinho. E respeite a única regra desta brincadeira: só vale comprar o que couber na cestinha.

Para os mais radicais a dica é nem pegar cestinha: só vale levar o que puder carregar nas mãos. Nada de levar o pão debaixo do suvaco ou segurar com os dentes. Só valem as mãos, talvez ajudar com o antebraço, mas somente em casos especiais.

Preciso de uma lista sempre que tenho que comprar 4 ítens ou mais.

Cogumelos não são vegetais, mas eles colocam para vender ao lado do tomate, do limão e do abacate. Mas o nome do departamento aqui na NZ não é Vegetables, e sim Fresh Produce. Então ponto para eles nessa.

Muito interessante é o tal do muttonbird: é uma ave, mas tem nome de carneiro (mutton), e colocam pra vender na sessão de frutos do mar. Vai entender.

Falando em frutos do mar, "Frutos do Mar" eu acho um termo muito poético. Para mim isso significa o seguinte:

"A produção de um trabalho duro dos pescadores, homens do mar, que enfrentam mares revoltosos cheios de criaturas furiosas. Deixam suas mulheres em terra firme, esperando o retorno do barco com a fartura da pesca. E à noite bebem, dançam, se amam e regozijam como nunca, até que seja hora de partir novamente".

Em francês é o mesmo nome: fruits de mer, e soa ainda mais romântico e poético. Mas em inglês é seafood (comida do mar): muito simples e tosco.

Falando em food, nas tavernas de beira de estrada da Nova Zelândia está escrito na placa da frente simplesmente FOOD. Simplesmente FOOD. Nem pelo menos restaurant, ou meals, ou snacks. Simplesmente COMIDA. Pode se esperar qualquer coisa vinda de lá. Uma vez lá nos cafundós de Coromandel Peninsula, 10 da noite de um dia de semana, estava num camping e não tinha nada para comer. O único lugar aberto naquela hora era uma taverna, e juro pra vocês que o cara que me atendeu era o Ronnie Wood. Eu estava esperando comer um hamburguer ou algo parecido, mas a única 'comida' disponível era batata frita de saquinho. Daquelas que parecem isopor. E Coca-Cola.

Falando no Ron Wood, aqui em Hawke's Bay tem um café no centro da cidade onde o Keith Richards trabalha. Um cara lá pelos 50, com a cara surrada de noites e festas. Parece que os Rolling Stones estão por aqui fazendo bico. Meu amigo Rodrigo Kammer, ex-residente de Mount Maunganui, me disse que o baterista do AC/DC mora em Papamoa Beach. Vejam vocês: uns trabalhando em bares, outros dirigindo táxis, caixa de supermercado...

Aqui na NZ tem algumas coisas interessantes para vender em supermecardos. Carne moída de frango é uma delas. Carne moída de porco é outra. Tem também hambúrguer de salsicha (ou seria salsicha de hambúrguer?). Tem pão de queijo da Yoki também, made in Brazil, traduzido como cheese bread, e esta tradução é infeliz.


Tem aquele tal de Vegemite, que não passa de uma 'geléia de fermento'. O gosto é horrível. Ou você gosta 100% ou detesta 100%. Sou da turma que detesta 100%. E quem gosta geralmente passa na torrada, ou ainda na cenoura. Sim, na cenoura, tentando imitar brasileiros comendo banana com mel. Vegemite com cenoura: uma iguaria sem igual.

Vegemite é uma marca (da Kraft). Mas virou conceito, assim como gillette, bombril e nescau. Quando pergunto à alguém se gosta de Vegemite, normalmente dizem que não. Mas em seguida dizem 'eu prefiro Marmite', que é a outra marca rival. Só para efeito de informação, a diferença entre Vegemite e Marmite é a mesma que entre merda e cocô.

Eu fico puto da cara quando eles retiram os meus produtos preferidos das prateleiras. Simplesmente param de comercializar. Um exemplo foi a barrinha de cereal da Cadbury sabor Fruit & Nut. Era a minha preferida e eles não vendem mais, e substiruíram por aquele maldito sabor de raspberry (framboesa). Para mim framboesa é morango de pobre, assim como São Paulo é New York de pobre. Pronto, falei.

Aqui tudo é de raspberry. Bolo, iogurte, chocolate, primeiro ministro, Fanta, e até aquele pinheirinho para dar cheiro bom no carro. Pinheiro de carro vem nos sabores 'brisa do mar', 'carro novo' ou 'raspberry'.

Um dos ítens mais contrangedores de se comprar num supermercado é papel higiênico. Sempre compro em fardos de 12 ou 18 rolos porque é mais barato. E quando estou colocando no carrinho parece que todo mundo olha pra mim pensando olhá lá, lá vai o cagão, ou porra esse caga pra caralho.

Bom, já falei demais e estou tomando seu precioso tempo. Com licença, preciso sair agora. Tenho que ir no supermercado.

Friday, 18 June 2010

Pollo con Avocado

Alho, vinho e abacate: você já pensou em misturar estes três ingredientes? Eu não. Ainda bem que um dia alguém me mostrou esta delícia. Aprendi esta receita quando trabalhei no Fettuccine Brothers em Gisborne, um restaurante italiano, mas nem tão italiano. A combinação destes três ingredientes é delicada, sutil e saborosa. E ainda por cima é de fácil execução.


Pollo con Avocado (Fetuccine com Frango e Abacate)

Ingredientes (2 porções):

- 350g massa fettuccine fresca ou dura;
- 300g peito de frango cortado em cubos;
- 1 cebola grande cortada fina;
- 5 dentes de alho picados finos;
- 200ml de vinho branco, pode ser do barato e/ou aquele resto (se é que existe resto) que está na sua geladeira já faz um tempinho e tem cheiro de vinagre, não dá nada!;
- 1 abacate médio cortado em cubos;
- 300ml de leite;
- 1 colher (sopa) farinha;
- óleo;
- sal e pimenta à gosto;
- queijo parmesão;
- cebolinha ou tempero verde cortado bem fino para decorar;


Cozinhe a massa normalmente com água, sal e um pouco de óleo. Numa frigideira grande aqueça o óleo e frite o frango e a cebola. Assim que o frango ficar branco (pode até ainda ter alguns pedaços rosados), acrescente o vinho e o alho e refogue até o vinho evaporar (até o cheiro de álcool sumir). Em seguida baixe o fogo para médio e adicione o leite, sal e pimenta e mexa por 3 minutos. Adicione a farinha lentamente, sempre mexendo. A farinha serve para engrossar o molho. Adicione o abacate e deixe cozinhar por mais 1 minuto. Não mexa muito nessa hora para não desmanchar o abacate. Coloque a massa no prato (ou cumbuca!), molho por cima, em seguida o queijo ralado e uma pitada do tempero verde para decorar. E está pronto! Recomendadíssimo com um Chardonnay e luz de velas!