Saturday, 5 December 2009

Sopa de Cogumelos


Ha! Este título do post certamente vai atrair muita malucada para este blog. Malucada do Costão do Zarling, do Vale da Utopia, e de todos os outros lugares onde o zebu deixa seu rastro e o Ventania canta suas músicas.

Morando aqui na Nova Zelândia descobri o quanto é bom saborear cogumelos frescos. No Brasil somente havia provado os já bem conhecidos champignons em conserva, e hoje em dia outros tipos estão sendo introduzidos no menu de restaurantes brasileiros. E posso dizer que o sabor deles frescos é alucinóg.. er.. digo, alucinante. Eu sabia que pelo mundo afora comia-se cogumelos mas não sabia que eram tão popular. Tanto na cozinha asiática ou na cozinha Européia existem várias receitas deliciosas.
Na ásia normalmente se utiliza o cogumelo do tipo Shiitake (Lentinula edodes), que já estou sabendo que está sendo comercializado no Brasil. Este tipo de cogumelo também é possível encontrar em conserva e é utilizado em sushis e stir-fries asiáticos em geral.

Já na Europa o tipo mais comum é o Agaricus bisporus que possui diversas variedades sendo as mais comuns o White Mushroom (Cogumelo de Paris) e Gourmet Brown (Portobello). E estas variedades estão disponíveis no Brasil também.

Nos supermecados daqui eles vem ainda estão sujos com terra. A aparência às vezes não é tão boa, o segredo é tentar comprar o mais fresco e limpo possível.

Uma boa maneira se provar cogumelos frescos pela primeira vez é simplesmente grelhá-los numa frigideira com um pouquinho de óleo, nem prescisa sal. Pique e grelhe por uns 3 ou 4 minutos em fogo alto, mexendo constantemente.

E aqui vai uma receita espacial.. er.. digo, especial de uma sopa de cogumelos. Na verdade eu copiei de uma revista mas mudei um pouco os ingredientes e as proporções, e agora é a minha receita. Perfeita para servir de entrada numa janta onde o prato principal é uma carne assada de forno, como uma costela ou cordeiro. E para acompanhar um bom vinho tinto como um bom e forte Malbec argentino, ou Shiraz australiano. E vamos comer cogumelos malucada!

Amaral's Creamy Mushroom Soup:

Ingredientes:

- 50g manteiga ou margarina
- 250g cogumelos frescos picados (recomendo o tipo Portobello)

- 1 batata grande descascada e picada em cubos pequenos

- 1 cebola média picada
- 5 dentes de alho picados

- 100ml leite
- 1 cubo caldo de frango dissolvido em 200ml de água quente

- sal

- pimenta caiena (ou pimenta do reino)

- noz moscada


Derreta a manteiga numa panela e adicione a cebola, alho e batata. Refoge em fogo baixo por 5 minutos. Adicione os cogumelos e refogue por mais 5 minutos. Adicione a água com caldo de frango e uma pitada de noz moscada.
Mexa e cozinhe por mais 15 minutos em fogo baixo. Adicione sal e pimenta (se você nunca usou caiena tome cuidado pois ela é nervosa!) , mexa e leve a sopa para o liquidificador ou processador, e bata até ficar com a consistência de papinha. Derrame novamente na panela e adicione o leite e cozinhe em fogo baixo por mais 5 minutos.
Cheque o sal e pimenta, provavelmente será preciso adicionar mais um pouco de sal. Sirva numa cumbuca e decore com tempero verde ou tomilho. B
on appétit!


Sunday, 23 August 2009

Teletransporte

Oktoberfest é uma festa que eu gosto de ir. Na minha infância era sinônimo de parque de diversões. Ia com os meus pais nos fins de semana à tarde para brincar no carrinho-choque e muitos outros brinquedos. Além de comer algodão doce, churros, e tomar bastante refrigerante.

Depois que virei moço o legal sempre foi ir à noite. Com amigos sempre ao lado, todos bêbados e se divertindo muito. Sempre gostei de ir no primeiro dia: Quinta Feira. Não é cheio de pessoas e ainda não tem aquele cheiro de chopp azedo nos pavilhões, além do sapato ainda não grudar no chão. Tudo novinho e em ordem. E normalmente vou mais uma ou duas vezes no mesmo ano. Com exceção da primeira noite (relativamente sóbria), todas as outras vezes eu fazia questão de não dirigir, e arrumava outro jeito para ir e para voltar da festa.

Quase sempre ficava até o final: 5 da manhã se não me engano, vem aquela gang varrendo o chão, e vão varrendo tudo e todos que estão pela frente. O jeito é ir embora mesmo. Às vezes dormia na casa de algum amigo que morava perto, ou voltava de carona, ônibus, táxi ou moto-táxi.

Mas uma vez voltei pra casa de uma maneira um tanto diferente. Num momento pelas altas da madrugada eu me perdi da galera. Estava perambulando perdido pelo pavilhão B. Neste pavilhão há um banheiro ao lado do palco e me lembro que estava indo naquela direção, e quando ao passar pelo lado do palco percebi que a banda estava tocando a música Todas as Noites do Capital Inicial. Típico naquelas horas no meio do show, em que as bandas da Oktoberfest param de tocar músicas alemãs e tocam as músicas do momento das FM's, anos 60, e particularmente Another Brick in The Wall Part II. E naquele momento, em minha opinião de bêbado, achei que a banda estava interpretando Todas as Noites muito bem. Estava lá, munido de um copo de chopp já pela metade, ao lado da caixa de som, querendo ouvir a música até o final. Não estava tão apertado para ir ao banheiro, ainda mais que este agora encontrava-se tão próximo.

Ouvindo a música pensei: Vou terminar este chopp ouvindo a banda, ir ao banheiro, comprar outro chopp (oh, tenho um ticket de chopp no bolso!), sair fora do pavilhão, comer um x-alemão ou quem sabe um espetinho Mimi, e com muita sorte encontrar algum amigo pelo caminho.

Estava feliz, agora com um plano estabelecido, e pronto para colocar em ação. Mas no momento em que finalizei minha bebida, começo a ouvir um zunido contínuo, do tipo zéééééééé. Parecia estar vindo da caixa de som. A banda não mostrava-se incomodada pelo ruído, pois continuavam a tocar como se nada tivesse acontecido. E eu percebi que o zunido, antes sutil, começou lentamente a aumentar de intensidade. E eu dei uns passos para trás pois estava se tornando irritante. O barulho aumentou a ponto que agora já era mais alto que a própria música, mas a banda não se importou, e continuavam a tocar normalmente. E o zunido continuou a ficar mais alto e insuportável, até que engoliu completamente a música, e só o que eu ouvia naquele momento era zééééééééé.

Foi quando, num piscar de olhos, eu me encontro deitado em minha cama na minha casa. Domingão de sol e calor, onze e meia da manhã e eu com uma puta ressaca. Vestindo a mesma roupa, com exceção dos sapatos: pé direito perto da porta e o esquerdo a um passo adiante, de cabeça para baixo. Lá fora meu pai roçando a grama, passando com a màquina bem na janela do meu quarto. À medida em que ele se distanciava começei a perceber música vindo da sala. Minha irmã ouvia o CD do Capital Inicial, que já estava tocando a faixa seguinte.

E não havia ticket de chopp algum no bolso da minha calça.

Tuesday, 28 April 2009

Feijoa


Feijoa (pronúncia: fíi-djou) é uma fruta que conheci aqui na Nova Zelândia logo quando cheguei, e agora em Abril, junto com kiwifruit, é a época da fruta. Ela é muito popular sendo que muitos possuem feijoeiras nos jardins de suas casas. E logo imaginei que fosse uma espécie nativa daqui. Com o tempo ouvia pessoas dizerem que esta planta é originária da América do Sul, falavam que era do Chile. E uns ainda diziam que era do Brasil. Eu, na qualidade de moleque que sempre andava no mato, já me arreparei pulando cercas de vizinhos e pastos catando goiaba, araçá, gabiroba, ameixa, tangerina, joão-bolão, pêra, etc. Mas nunca havia visto esta fruta.

E graças ao wikipedia eu descobri que Feijoa é realmente originária do Brasil!!! Seu nome binomial é Feijoa sellowiana e seu nome foi dado em homenagem ao naturalista João da Silva Feijó. No Brasil é conhecida popularmente como goiaba serrana ou goiaba ananás e é encontrada nos planaltos do sul do nosso país, Uruguai e norte da Argentina.

Então foi por isso que nunca encontrei esta fruta no Brasil, apesar de eu morar em Santa Catarina. Não sabia nada. Então gostaria que você leitor, que conhece esta espécie, por favor comente aqui o que você tem a dizer sobre esta fruta.

E depois desta descoberta comecei a perceber que a feijoa realmente parece com a goiaba, principalmente a textura da casca e onde a fruta conecta-se com a árvore, aquilo ali é igualzinho à goiaba. Seu gosto entretanto é bem diferente, aromático, azedo e doce ao mesmo tempo. E o mais legal é que aqui na Nova Zelândia eles fabricam vodka de feijoa! Aliás, vodka normal com sabor feijoa. A marca é 42 Below e eles produzem vodkas com outros sabores inusitados como mel, maracujá e kiwifruit. Segundo eles, feijoa tem um gosto que é uma mistura de goiaba com abacaxi, o que eu discordo. Para mim feijoa tem gosto de feijoa. E vale a pena dar uma olhada no website deles, bem legal.

E sim, já experimentei a bebida e é muito boa.


Monday, 16 March 2009

Homem de Conhecimento

Já faz algum tempo que estou querendo colocar aqui no blog este trecho do livro A Erva do Diabo (The Teachings of Dom Juan), do Castaneda. É a minha parte preferida deste livro, que conta sua história, quando conheceu Dom Juan e passou por um processo de aprendizado com este velho índio numa região remota no norte do México. Dom Juan sempre falava do "homem de conhecimento" nas conversas entre os dois, mas nunca havia entrado profundamente no assunto. Até que um dia, de tando Carlos insistir, e alegando que ele estaria voltando aos Estados Unidos e ficaria lá por alguns meses e gostaria de refletir sobre o assunto, o índiozão cedeu e naquela noite tiveram a seguinte conversa:


Quando um homem começa a aprender, ele nunca sabe muito claramente quais seus objetivos. Seu propósito é falho; sua intenção, vaga. Espera recompensas que nunca se materializarão, pois não conhece nada das dificuldades da aprendizagem. Devagar ele começa a aprender... a princípio pouco a pouco, e depois em porções grandes. E logo seus pensamentos entram em choque. O que ele aprende nunca é o que ele imaginava, de modo que começa a ter medo. Aprender nunca é o que se espera. E a cada passo da aprendizagem o medo torna-se maior. Seu propósito torna-se um campo de batalha.

E assim ele se depara com o primeiro de seus inimigos naturais: o MEDO! Um inimigo terrível, traiçoeiro e difícil de vencer. E se o homem, apavorado com sua presença, foge, seu inimigo terá posto um fim à sua busca.


- O que acontece com o homem se ele fugir com medo?

Nada lhe acontece, a não ser que nunca aprenderá. Nunca se tornará um homem de conhecimento.

- E o que pode ele fazer para vencer o medo?

Não deve fugir. Deve desafiar o medo dando passos à frente. Deve ter medo, plenamente, e no entanto não deve parar. E chegará um momento que o inimigo se recua. O homem começa a se sentir seguro de si. Seu propósito torna-se mais forte e aprender já não é mais uma tarefa aterradora. Uma vez que o homem venceu o medo, fica livre dele o resto da vida, porque, em vez do medo, ele adquiriu a clareza. Uma clareza de espírito que apaga o medo. O homem sente que nada lhe oculta.

E assim ele encontra seu segundo inimigo: a CLAREZA! Essa clareza que elimina o medo também cega. A clareza dá ao homem a segurança de que ele pode fazer o que bem entender, pois ele vê tudo claramente. Ele é corajoso porque tem clareza e não pára diante de nada. Mas tudo isso é um engano. Vai precipitar-se quando deveria ser paciente, e vice-versa. E tateará com a aprendizagem até acabar incapaz de aprender mais qualquer coisa.

- O que acontece com um homem que é derrotado assim?

Seu inimigo impede de torná-lo um homem de conhecimento; em vez disso, torna-se um guerreiro valente ou um palhaço "sabe-tudo".

- O que o homem precisa fazer para vencer a clareza?

Para vencer a clareza o homem tem que utilizá-la só para ver e medir com cuidado antes de dar novos passos, pois acima de tudo sua clareza é quase um erro. E virá um momento que ele compreenderá que sua clareza era apenas um ponto diante de sua vista. Ele saberá a essa altura que o poder que vem buscando há tanto tempo é seu, enfim.

E assim ele encontra seu terceiro inimigo, o PODER! O poder é o mais forte de todos os inimigos. E naturalmente a coisa mais fácil é ceder, afinal de contas, o homem é realmente invencível. Ele comanda; começa correndo riscos calculados e termina estabelecendo regras, porque é um senhor. Um homem nesse estágio quase nem nota seu terceiro inimigo se aproximando. E de repente, sem saber, certamente terá perdido a batalha. Seu inimigo o terá transformado num homem cruel e caprichoso.

- E como o homem pode vencer seu terceiro inimigo?

Tem de desafiá-lo. Tem de vir a compreender que o poder que parece ter adquirido, na verdade, nunca é seu. Deve controlar-se em todas as ocasiões, tratando com cuidado e lealdade tudo o que aprendeu. Se conseguir ver que a clareza e o poder são piores do que os erros, ele chegará a um ponto em que tudo está controlado, e saberá como e quando utilizar o poder. Assim terá derrotado seu terceiro inimigo.

O homem estará então no fim de sua jornada do saber, e sem quase perceber encontrará seu último inimigo: a VELHICE! Este é o mais cruel de todos, o único que ele não conseguirá derrotar completamente, mas apenas afastar. É um momento em que todo o seu poder está controlado, mas também o momento em que ele sente um desejo irresistível de descansar. Se ele ceder completamente a seu desejo de se deitar e esquecer, se afundar na fadiga, perderá sua última batalha. Seu inimigo o reduzirá numa criatura velha e débil.

Mas se o homem sacode sua fadiga, e vive seu destino completamente, então poderá ser chamado de um homem de conhecimento, nem que seja no breve momento em que ele consegue lutar contra o seu último inimigo invencível. Esse momento de clareza, poder e conhecimento é o suficiente.


Saturday, 28 February 2009

Frango Português

Uma receita suculenta que aprendi num livro de receitas e fiz esta semana (duas vezes!). Utiliza ingredientes básicos da culinária portuguesa. Muito recomendado!

Ingredientes:

1kg de coxas e/ou sobrecoxas de frango;
1 pimenta vermelha fresca picada finamente (sem as sementes);
1 colher (sopa) de páprica;
3 dentes de alho picados;
2 colheres (sopa) de sal;
½ xícara (125ml) de suco de limão;
2 colheres (sopa) de óleo de oliva;
1 colher (sopa) de orégano;


Modo de preparo:

Misture todos os condimentos num recipiente e espalhe por cima do frango. Cubra e guarde na geladeira por no mínimo 12hrs para ficar bem marinado. Leve ao forno alto (200c) por 30min ou até ficar assado no ponto. Sugestão: sirva com spaghetti ao sugo.





Thursday, 12 February 2009

Um passeio na Lua

Semana passada eu e a minha namorada fizemos o Tongariro Alpine Crossing, uma caminhada de 8hrs (18kms) que passa pelos vulcões Mt. Tongariro (1978m) e Mt. Ngauruhoe (2291m). É considerada a melhor trilha de um dia da Nova Zelândia e considerada por muitos uma das Top 10 do mundo. O melhor adjetivo para definir o lugar é: LUNAR.

Para fazer a caminha é necessário providenciar transporte pois a trilha termina do outro lado da montanha. A maioria dos hotéis, lodges e backpackers da região possuem micro-ônibus ou vans que por em média NZ$30 te deixam no início da caminhada pela manhã e vão buscar do outro lado da montanha do fim do dia. A única facilidade que a trilha oferece são uns poucos banheiros no decorrer do caminho. É preciso levar comida e muita água. Além de jaqueta impermeável, toca e roupas quentes, pois o tempo muda muito rápido lá em cima e é imprevisível. Embora exista vários córregos de água "limpinha" no caminho, não é recomendado beber daquelas águas, pois contém índices elevados de enxofre, sílica e outros resíduos vulcânicos.


O ônibus nos deixou no estacionamento no início da trilha às 8:30. Ficamos espantados com a multidão. Imagino que haviam mais de mil pessoas fazendo o caminho naquele dia. Só do nosso backpacker eram umas 40. A caminhada é muito popular durante o verão mas não sabia que era tanto. No começo da caminhada haviam várias nuvens nas montahas e não era possível ver o cume dos vulcões. Depois de mais ou menos 1 hora de caminhada o tempo começou a limpar e tornou-se um perfeito céu azul para todo o resto do dia. Foi quando foi possível avistar bem de perto o Mt. Ngauruhoe, que tem uma forma de cone perfeita, que sempre imaginamos quando pensamos em vulcões. Já o Mt. Tongariro é uma bagunça de vários vulcões e crateras que já explodiram, juntaram-se com outras, etc. Pelo camiho há muitas áreas com lava de antigas erupções. A formação destas rochas é porosa e muito interessante.


A partir dali a caminhada começa a ficar mais difícil, uma subida muito íngrime e longa até chegar numa área plana onde há uma trilha secundária que leva ao topo do Mt. Ngauruhoe. São mais 3hrs de caminhada até lá em cima. Essa vai ficar para uma próxima. Ir lá em cima e depois voltar para o início da trilha. Nem vai precisar pagar ônibus!

Para os fãs de O Senhor dos Anéis: O Mt. Ngauhuroe é o Mt. Doom do filme, e várias cenas do filme foram filmadas no Tongariro National Park. As erupções que aparecem no filme são CGI, obviamente.

A partir deste momento na caminhada é que as coisas começam a se tornar lunares. Passamos por uma grande área plana de chão batido de cor amarelada, que parecia um deserto. De lá a vista do Mt. Ngauruhoe fica mais bonita a cada passo. Depois desta parte fácil de caminhar vem mais uma subida muito íngrime e também escorregadia, que leva ao ponto mais alto da caminhada, 1886m. Lá de cima percebemos que aquele "deserto" é nada mais nada menos do que uma cratera gigante! A vista é simplesmente incrível. Dali também há uma trilha que leva ao cume do Mt. Tongariro, mas decidimos continuar na trilha principal. Muitas pessoas pararam lá em cima para comer mas decidimos ir andar um pouco mais para depois parar e almoçar.


E então chegamos na Red Crater. Um buraco enorme e com uma coloração vermelha e verde-escuro, e dali a trilha começa a descer rumo ao Emerald Lakes (Lagos de Esmeralda), não precisa explicar o porque do nome, é só ver as fotos para entender. E lá paramos e fizemos nosso lanche. Hora de parar e tirar as pedras do sapato e contemplar aquela maravilha de lugar. Ao mesmo tempo que é desolado e sem vida, também é de muita natureza, com todas aquelas formas, cores e texturas. Um lugar que se transformou intensamente durante milhões e milhões de anos, e ainda se tranformará!


A trilha continua por mais uma área plana ainda maior, que é a Cratera Central. Após atravessá-la e começar a subir, percebemos que o ponto mais alto da caminhada onde estávamos antes é o cume de um vulcão que explodiu! E abriu um buraco gigantesco. E no meio da Cratera Central há uma enorme área de lava e é possível ver que foi resultado de uma erupção da Cratera Vermelha. Neste momento é possível ver as três montanhas do parque alinhadas: Mt. Tongariro, Mt. Ngauhuroe e mais ao fundo, ainda com um pouco de neve, Mt. Ruapehu (2797m). Todos são vulcões ativos, sendo que o último citado teve duas grandes erupções em 1995 e 1996 e também uma mini-erupção ano passado e ainda encontra-se em estado de alerta.


Depois de uma pequena subida chegamos no Blue Lake, um lago enorme lá em cima da montanha, provavelmente também uma cratera. Após o lago a trilha começa a descer, é hora de se despedir da paisagem lunar, mas a caminhada ainda não terminou, há muito chão ainda pela frente. Após passar por entre duas montanhas temos a sensação de estar "fora" do complexo vulcânico. A partir dali a vegetação começa a aparecer novamente à medida que a trilha vai descendo. E também é possivel ver o Lake Taupo de lá de cima. Passamos por uma Hot Spring (fonte de água quente) e a água é quente mesmo, e com aquele cheiro característico de enxofre, que lembra ovo podre, que lembra peido. No final a trilha entra no meio da floresta e é um alívio para nós, ter um pouco de sombra pois o sol estava matando. Nesta hora meus pés já estavam doendo muito e só queria que terminasse logo. Depois de uma longa caminhada no mato chegamos no estacionamento do outro lado da montanha. Ali esperamos nosso ônibus e terminamos nossa aventura. Levamos exatamente 8hrs para percorrer toda a extensão da trilha.

Nem precisa dizer, recomendadíssimo para todos que viajam para a Nova Zelândia. O Tongariro National Park fica bem no centro da Ilha Norte, 330km ao sul de Auckland e mais ou menos uma hora e meia de Taupo. Há muito o que fazer na área. Dentre as principais atividades está a famosa 42nd Traverse, uma trilha de mountainbike gigantesca. E durante o inverno e primavera é possível fazer ski/snowboard em duas estações localizadas no Mt. Ruapehu. E há rafting, bungy-jump, sky-diving, vôos panorâmicos e muito mais. É diversão garantida o ano inteiro!

E aqui estão mais algumas fotos do crossing.


Veja também: Subindo o Vulcão

Thursday, 15 January 2009

A Democracia Chinesa do Ímã da Morte

Em 2008 duas bandas muito famosas mas que compartilham há mais de 10 anos uma questionável fase da carreira, lançaram novos álbums. Guns n' Roses lançou Chinese Democracy, seu primeiro álbum desde 1993, e o Metallica veio com Death Magnetic depois de 5 anos sem lançar um novo álbum. Eu que já havia perdido a fé nas duas bandas pensei que poderia dar mais uma chance e ouvir o que eles tem a mostrar, afinal os dois discos estão vendendo muito, pelo menos aqui na NZ.

Guns n' Roses sinceramente... já era. Um cara só não faz a banda. Pelo menos o Metallica ainda é basicamente a mesma banda, só trocou o baixista no decorrer dos anos, e não implica muito pois para mim o trio Hetfield/Ulrich/Hammett é o que determina a banda. Chinese Democracy não é nem ao menos hard rock, tá tudo estranho demais, a batida, as melodias. Tem até batida eletrônica de hip-hop, horrível.

Quando o Metallica lançou St. Anger em 2003 um amigo meu veio mostrar o cd dizendo "Olha aqui Amaral, os caras voltaram a ser o que eles eram!!!". Quando começei a ouvir aquele som da bateria, que parece que ele tá batendo numa latinha de Nescau, já desanimei. Não cara, não voltaram não. Bandas não voltam. A única banda que faz o mesmo som é o AC/DC, e acaba sendo chato de ouvir. Bandas sofrem evoluções e algumas conseguem continuar a agradar os fãs, outras não.

Mas Death Magnetic, quer saber? Eu gostei bastante. Nem se eles quisessem eles lançariam outro Master of Puppets, mas mesmo assim eu achei que eles retomaram um pouco da pegada deles. Deixaram um pouco de lado melodias com acordes e o som ficou preto e branco, e o disco tem aquela palhetada afiada dos riffs e ritmos mais acelerados que identificaram a banda nos anos 80. O disco também tem uma influência de hardcore, e somente uma ou duas músicas soam como se fossem dos álbums Load e Reload.

Se este disco tivesse sido lançado imediatamente após o Metallica (Black Album, 1991) imagino que a a decepção dos fãs das antigas teria sido muito menor. Esse disco vale a pena ouvir, o do Guns n' Roses não perca seu precioso tempo!